No dia 3 de fevereiro de 2024, a Sociedade Brasileira de Mastologia colocou em seu site e divulgou nos canais de informação, uma carta aberta destinada a população com informações referentes a esse procedimento, uma vez que vem circulando, infelizmente, muita informação incorreta sobre o assunto nos mais diversos meios de comunicação, desde 2013, após a famosa cirurgia realizada pela atriz Angelina Jolie.
Essas cirurgias mamárias são conhecidas como mastectomias preventivas ou profiláticas, com objetivo de redução de risco para câncer de mama em mulheres que eventualmente apresentem um risco aumentado para a doença.
O conhecimento a respeito de fatores de risco para o câncer de mama vem avançando muito, com desenvolvimento e aprimoramento de exames que determinam o diagnóstico desse aumento de risco, como os testes genéticos, que permitem se conhecer o risco de câncer de mama daquela paciente ao longo da vida. Nesses teses podemos conhecer algumas mutações que conferem um risco para desenvolver câncer de mama ao longo da vida de até 90%. Algumas dessas pessoas com essas mutações podem desenvolver a doença em idade mais precoce, atingindo mulheres no auge de sua vida pessoal e profissional, com acometimento de expectativa de vida e com grande impacto psíquico e social.
E nessa população, as alternativas preventivas são restritas, se limitando a detecção precoce. E justamente nesse cenário, as mastectomias redutoras de risco entram como uma alternativa eficaz. Em alguns estudos clínicos (desde 1990), a redução de risco desse procedimento teve média de 90% na incidência e 80% na mortalidade.
Com isso as diretrizes nacionais e internacionais das principais sociedades médicas sugerem que esse procedimento seja discutido com mulheres de alto risco, com mutações genéticas de alto risco (alta penetrância).
Importante destacar que essas cirurgias, associadas a reconstrução mamária já fazem parte da relação de procedimentos autorizados pela agência reguladora de saúde (ANS) e também estão presentes na relação de procedimentos do Sistema Único de Saúde.
Mas é importante também lembrar que essa mastectomia é um procedimento de exceção, restrito a um grupo muito específico de pacientes. Por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda: CAUTELA!
O procedimento deve ser realizado por mastologistas habilitados, após ampla discussão sobre riscos, benefícios, possíveis complicações.
Após tudo isso, a carta termina com a mensagem que a Sociedade Brasileira de Mastologia acredita que o procedimento deve ser considerado tanto na saúde pública quanto na suplementar como forma de prevenção primária do câncer de mama em mulheres de alto risco, contribuindo para melhor atenção à saúde das pessoas e permitindo economia de custos pela redução de tratamentos oncológicos
